Fabaceae

Centrolobium paraense Tul.

Como citar:

Eduardo Fernandez; Mário Gomes. 2021. Centrolobium paraense (Fabaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

EN

EOO:

22.570,295 Km2

AOO:

36,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Espécie não endêmica do Brasil (Pirie et al., 2009; Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), com ocorrência nos seguintes estados: RORAIMA, nos municípios de Alto Alegre, Amajari, Boa Vista, Caracaraí e Mucají.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2021
Avaliador: Eduardo Fernandez
Revisor: Mário Gomes
Critério: B2b(iii,iv,v)
Categoria: EN
Justificativa:

Árvore de até 30 m (Flora do Brasil 2020 em construção, 2020), não é endêmica do Brasil, ocorrendo também na Colômbia, Guiana e Venezuela. Aqui, foi documentada em Floresta de Terra-Firme associada a Amazônia presente em cinco municípios no estado de Roraima. Apresenta distribuição restrita no Brasil, AOO=36 km², especificidade de habitat, quatro situações de ameaça, considerando-se as distintas intensidades de incidencia dos vetores de stress nas extremidades de sua EOO conhecida no Brasil, e exploração madeireira pela sua boa qualidade de madeira e ampla gama de aplicações (Tropical Plants Database, 2020). Poderia ser considerada Vulnerável (VU) por B1, pelo valor de sua EOO; entretanto, a espécie parece ter preferência por florestas maduras, tem distribuição pequena no Brasil e sofre declínio populacional pelo corte seletivo de sua madeira e declínio de habitat a partir da incidencia de ameaças antrópicas, como desmatamento para a exploração madeireira e ampliação de pastagens, muitas vezes com o uso indiscriminado do fogo, estabelecimento de estradas (BR-174, onde verifica-se padrão de desmatamento do tipo espinha-de-peixe) e pecuária em larga escala, mesmo dentro de Unidades de Conservação de proteção integral (ICMBio, 2014; Lapig, 2020; PRODES/ INPE, 2018). Caracaraí, por exemplo, é o segundo município de Roraima com os maiores incrementos de desmatamento (PRODES/ INPE, 2018). Diante desse cenário, portanto, infere-se declínio contínuo em extensão e qualidade de habitat e no número de indivíduos maduros e subpopulações. Recomendam-se ações de pesquisa (censo e tendências populacionais, estudos de viabilidade populacional e manejo florestal sustentável) e conservação (Plano de Ação, garantia de efetividade de UCs) urgentes a fim de se garantir sua perpetuação na natureza no futuro, pois as pressões verificadas ao longo de sua distribuição podem ampliar seu risco de extinção.

Último avistamento: 2014
Quantidade de locations: 4
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Desconhecido
Razão para reavaliação? Other
Justificativa para reavaliação:

A espécie foi avaliada pelo CNCFlora em 2013 (Martinelli e Moraes, 2013) e consta como Em Perigo (EN) na Portaria MMA 443/2014 (MMA, 2014), sendo então necessário que tenha seu estado de conservação reavaliado após cinco anos da última avaliação.

Houve mudança de categoria: Não
Histórico:
Ano da valiação Categoria
2012 EN

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita em: Archives du Muséum d'Histoire Naturelle 4: 87–89. 1844. O Centrolobium paraense é facilmente distinguível de todas as outras espécies do gênero, por suas grandes estípulas folhosas que deixam uma grande cicatriz ao cair e pelas brácteas e bracteoles grandes e ovais (5-10 × 5-10 mm) (Pirie et al., 2009). Popularmente conhecida como Pau rainha (Pirie et al., 2009).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: Centrolobium paraense possuí madeira de boa qualidade, usada para móveis finos, marcenarias, molduras e diversos fins externos (Tropical Plants Database, 2020).

População:

Detalhes: Não existem dados sobre a população.

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Fenologia: deciduifolia
Biomas: Amazônia
Vegetação: Floresta de Terra-Firme
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Detalhes: Árvores de até 30 m, ocorrendo no domínio da Amazônia em Florestas de Terra-Firme (Pirie et al., 2009; Flora do Brasil 2020 em construção, 2020).
Referências:
  1. Pirie, M.D., Klitgaard, B.B., Pennington, R. T. 2009. Revision and Biogeography of Centrolobium (Leguminosae-Papilionoideae). Syst. Bot. 34 (2), 345-359. https://doi.org/10.1600/036364409788606262
  2. Flora do Brasil 2020 em Construção, 2020. Fabaceae. Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio Janeiro. URL http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB82871 (acesso em 13 de março de 2020).

Reprodução:

Detalhes: Segundo Pirie et al. (2009) os espécimes foram coletados floridos em março (Brasil) e de maio a setembro, nos demais países. As frutas, foram coletadas de fevereiro a agosto. E a espécie é frequentemente descrita como derrubando a maioria ou todas as suas folhas entre fevereiro e abril.
Fenologia: flowering (Mar~Sep), fruiting (Fev~Aug)
Referências:
  1. Pirie, M.D., Klitgaard, B.B., Pennington, R. T. 2009. Revision and Biogeography of Centrolobium (Leguminosae-Papilionoideae). Syst. Bot. 34 (2), 345-359. https://doi.org/10.1600/036364409788606262

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 5.3.5 Motivation Unknown/Unrecorded occupancy present local high
Caracaraí, com 127,04 km2, é o segundo município de Roraima com os maiores incrementos de desmatamento (PRODES/ INPE, 2018). O desmatamento para a exploração madeireira e ampliação de pastagens é uma ameaça iminente aos sistemas florestais da região e entorno do Parque Nacional do Viruá (ICMBio, 2014).
Referências:
  1. PRODES, 2018. Desmatamento nos Municípios da Amazônia Legal para o ano de 2018. INPE - Inst. Nac. Pesqui. Espac. URL http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesmunicipal.php (acesso em 03 de julho de 2018).
  2. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.1 Roads & railroads habitat present local high
O Parque Nacional do Viruá é a unidade de conservação sob maior influência da BR-174 e dos projetos de colonização instalados ao longo desta via. Diversos tipos de pressão decorrem desta proximidade com núcleos populacionais, dentre eles a caça, a extração ilegal de madeira, e o risco de propagação de incêndios florestais, sendo este uma das mais graves ameaças às unidades de conservação da Região (ICMBio, 2014).
Referências:
  1. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat present local high
O uso do fogo para a instalação e manejo de pastagens e lavouras é uma prática comum na região, que traz enormes riscos para os ecossistemas de Roraima. Dentre os estabelecimentos agropecuários recenseados nestes municípios em 2006, apenas 4% em Caracaraí e 12% em Rorainópolis utilizavam métodos de preparo para o plantio como a aração e gradagem. Os incêndios florestais na região do Parque Nacional do Viruá são originados principalmente por ação de moradores que fazem uso do fogo para a limpeza de áreas desmatadas, e para o manejo de culturas agrícolas e pastagens. Além disso, o interesse sinalizado pelo setor de energia para a instalação de hidrelétrica na calha do rio Branco representa uma das ameaças mais alarmantes para a conservação do imenso patrimônio natural das zonas úmidas do Estado (ICMBio, 2014).
Referências:
  1. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.2 Small-holder grazing, ranching or farming habitat present local high
Apesar da pequena receita gerada em relação ao terceiro setor, a produção agropecuária tem papel importante para a subsistência das populações rurais e abastecimento dos mercados urbanos da região. A pecuária é desenvolvida em 70 a 75% dos estabelecimentos agropecuários de Caracaraí e Rorainópolis (ICMBio, 2014)
Referências:
  1. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2014. Plano de manejo do Parque Nacional do Viruá. MMA - Ministério do Meio Ambient. URL http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/parna_virua_pm_diag1.pdf
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.3.4 Scale Unknown/Unrecorded habitat present local high
O município de Mucajaí (RR) com 1246116ha, possui 8% (99891ha) do seu território convertido em áreas de pastagem (Lapig, 2020).
Referências:
  1. Lapig - Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento, 2020. Mucajaí (Roraima). https://maps.lapig.iesa.ufg.br/lapig.html (acesso em 17 de Fevereiro de 2020)

Ações de conservação (5):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie foi registrada no Parque Nacional Viruá (PI) e na Estação Ecológica de Maracá (PI).
Ação Situação
3.4.1 Captive breeding/artificial propagation on going
A espécie ocorre cultivada no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Ação Situação
5.1.2 National level needed
A espécie ocorre em um território que será contemplado por Plano de Ação Nacional (PAN) Territorial, no âmbito do projeto GEF pró-espécies: todos contra a extinção : Território -32 (Rio de Janeiro).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
Espécie avaliada como Em Perigo de Extinção (EN) e incluída no ANEXO I da Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção (MMA, 2014).
Referências:
  1. MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2014. Anexo I. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Portaria MMA no 443/ 2014. URL http://www.dados.gov.br/dataset/portaria_443 (acesso em 10 de Março 2020).
Ação Situação
5.1.2 National level on going
A espécie ocorre no território de abrangência do Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro (Pougy et al., 2018). A espécie será beneficiada por ações de conservação que estão sendo implantadas no PAN Rio, mesmo não sendo endêmica e não contemplada diretamente por ações de conservação.
Referências:
  1. Pougy, N., Martins, E., Verdi, M., Fernandez, E., Loyola, R., Silveira-Filho, T.B., Martinelli, G., 2018. Plano de Ação Nacional para a conservação da flora endêmica ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro, 1st ed. Secretaria de Estado do Ambiente (SEA): Andrea Jakobsson Estúdio, Rio de Janeiro.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
9. Construction/structural materials natural stalk
Centrolobium paraense possuí madeira de boa qualidade, usada para móveis finos, marcenarias, molduras e diversos fins externos (Tropical Plants Database, 2020).
Referências:
  1. Tropical Plants Database, Ken Fern. 2020. tropical.theferns.info. URL tropical.theferns.info/viewtropical.php?id=Centrolobium+paraense(acesso em 13 de março 2019).